segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A PEC do Paradoxo

Ainda em tramitação no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional 36 que já foi aprovada na Comissão de Constituição de Justiça do Senado, cria um grande paradoxo na política nacional. Caso essa PEC seja aprovada, dos atuais 35 partidos existentes no Brasil seriam obrigados a deixar de existir.

A proposta defende a adoção da chamada “Cláusula de Barreira”, que os partidos tenham que atingir pelo menos 2% dos votos válidos em todo o território nacional e 2% dos votos válidos em pelo menos 14 das Unidades Federativas.

A princípio, essa proposta parece ser uma boa ideia, mas uma análise mais aprofundada da mesma e da realidade brasileira, já apresenta uma série de questões que mostra o qual paradoxal é essa PEC. Para início de debate, acho estranho que em uma sociedade, seja normal a adoção de uma lei que limite o direito de criação de grupos democráticos.

Sim, eu concordo que existem hoje no Brasil, muitos partidos e que isso acaba sendo ruim para o processo democrático, mas não acho que a melhor saída seja a adoção de limitações nesse sentido. Acredito que o problema partidário no Brasil, se dá muito mais pela frouxidão ideológica, que possibilita a existência de diversos partidos, sem a preocupação com a ideologia, possibilitando que vários partidos com nomenclaturas parecidas, mas que na prática tem poucas diferenças e nenhuma semelhança com as ideias que dizem, ou pelo menos deveriam defender.

Mas outro problema relacionado a essa PEC, está no levantamento recente feito pelo jornal O Globo, que apontou que caso essa mudança na legislação já estivesse valendo, o resultado eleitoral deste ano seria completamente diferente do que o que foi apontado nas urnas.

Os únicos partidos que conseguiram superar a barreira proposta, seriam os maiores partidos do Brasil (PSDB, PMDB, PSB, PT, PDT, PP, DEM E PR). E isso aponta um grande paradoxo, quando percebemos que partidos como o PRB, que elegeu Marcelo Crivella no Rio de Janeiro; o PHS que elegeu Alexandre Kalil, em Belo Horizonte; o PMN que elegeu Rafael Greca, em Curitiba e o PCdoB que elegeu Edvaldo Nogueira, em Aracajú e o REDE que elegeu Cléssio Luíz em Macapá e ainda tem o Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que teve uma votação gigantesca que o levou ao segundo turno, onde também foi muito bem votado. Estes partidos deixariam de existir, uma vez que não superaram a cláusula de barreira.

E a proposta fica ainda mais contraditória quando percebemos que o Partido dos Trabalhadores (PT), que vem sofrendo fortes ataques já há alguns anos e que foi o grande derrotado do último pleito, continuaria existindo, enquanto as novas "forças" partidárias, seriam obrigadas a deixar de existir.

E como fazer com a vontade popular expressa nas urnas? Isso não feriria a democracia? Por isso, essa iniciativa é sim um grande paradoxo.   


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A forma é mais importante do que o conteúdo

De tempos em tempos aparecem algumas propostas apontadas como a saída para a melhora da educação brasileira. A última proposta nesse sentido é o famigerado “Escola Sem Partido”, que segundo seus defensores, busca eliminar as questões ideológicas, do ensino brasileiro – como se isso fosse possível -. A justificativa deles é baseada em uma suposta supremacia no ensino de pensadores de esquerda, em relação aos de direita.

Pois bem, passei por todos os níveis da educação. Ensino Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior e confesso que nunca presenciei essa realidade apontada pelos simpatizantes da proposta. Tive professores das mais variadas formações ideológicas e em nenhuma das aulas, os vi fazendo “apologia” ao pensamento pelo qual eles simpatizavam.

Mas na realidade, o foco deste texto não é o “Programa Escola Sem Partido”. É preciso transformar a educação brasileira, mas não com essas “pataquadas”. É necessário que se reestruture a estrutura das escolas e também do ensino, ampliando as horas diárias de estudo e também a grade curricular. É preciso que tratemos sem a negligência atual, disciplinas como Artes, Educação Física e Ciências.

Por isso, a forma é mais importante do que o conteúdo para se corrigir essa triste realidade que se prolonga há anos. Nossa educação carece de escolas mais estruturadas que garantam o real aprendizado nas áreas supracitadas. Ao invés de ficarmos dando asas para essas cortinas de fumaça e investir de forma mais acertada na formação dos professores, dando a eles reais condições para lecionarem, inclusive incentivando os estudantes a se aprofundarem nas questões referentes a essas disciplinas.

Para isso, precisamos de mais instituições de ensino com laboratórios de ciências, bibliotecas, quadras e espaços esportivos e culturais. Assim, transformaremos a educação e consequentemente  a sociedade.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Vamos mal


A radicalização política e social que ganhou tamanho estratosférico depois das “Jornadas de Julho”, em 2013, vem construindo situações cada vez mais patéticas no nosso país. 

Recentemente tivemos o caso envolvendo a roteirista Petra Leão e uma história da Turma da Mônica Jovem, onde um simples debate sobre mudanças estéticas foi interpretado por muitos conservadores, como discurso pró-aborto, pois a personagem Mônica, ao firmar questão de que não colocaria aparelho ortodôntico, utilizou-se da frase “Meu corpo, minhas regras”, bordão muito utilizado pelas feministas que defendem a descriminalização do aborto.

Os “críticos” da história em quadrinhos chegaram a pedir a demissão de Petra Leão, pois segundo eles ela estava fazendo apologia ao aborto. O estranho desse fato é que o também roteirista, Marcelo Cassaro, também trabalhou na mesma edição da revista e em momento algum, fora criticado por estes senhores.

Poucos dias depois do caso envolvendo a revista da Turma da Mônica, os conservadores ignorantes, voltaram a agir de maneira estapafúrdia. Dessa vez, o caso envolve uma professora da rede estadual no Paraná.

A professora Gabriela Viola, que leciona Sociologia no Colégio Estadual Professora Maria Gai Grendel, pediu a seus alunos que eles fizessem um trabalho sobre Karl Marx e a partir daí, os estudantes produziram uma paródia do funk, “Baile de Favela”, de MC João, onde falam da obra marxista. A partir da música, os jovens fizeram um vídeo com a apresentação da música e como já era esperado, o mesmo foi parar na internet. Isso foi o suficiente para que passassem a acusar Gabriela Viola de promover “doutrinação marxista”.

A professora foi afastada de suas funções pela diretoria do colégio que alegou ainda que a docente estivesse expondo os alunos e difamando a instituição, como se ensinar o que está previsto no currículo escolar, fosse algo que os professores não deveriam fazer. Os alunos se mobilizaram e criaram a campanha #VoltaGabi, manifestando apoio a professora.

Casos como esses mostram que o Brasil vem nos últimos tempos, caminhando a passos largos para uma sociedade de pensamento único direcionado pelo governante de plantão, nos moldes já denunciados George Orwell (1903-1950), em 1984, um romance que retrata a difusa fiscalização e controle de um determinado governo na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos dos indivíduos.

Esse quadro, mostra como vamos mal a seguir esse caminho. Por isso, é preciso resistir, questionar e lutar em defesa das liberdades individuais e também do livre pensamento.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Estratégia Competitiva

Economista de destaque no cenário internacional quando o assunto é estratégia e gestão, Michael Eugene Porter é fundador do campo da estratégia moderna e um dos pensadores mais influentes da administração contemporânea. Seu livro “Estratégia Competitiva” foi recentemente apontado como a quarta fonte mais citada nos trabalhos acadêmicos na área de Ciências Humanas, no mundo, segundo pesquisa feita pelo professor associado da London School of Economics, Elliot Green, que analisou as obras mais citadas em trabalhos científicos disponíveis na ferramenta de pesquisa Google Scholar
Porter iniciou sua carreira acadêmica na Universidade de Princeton, onde se licenciou em Engenharia Mecânica e Aeroespacial. Anos depois ingressou em Harvard, onde alcançou um MBA e um Doutorado em Economia Empresarial e aos 26 anos, se tornou o mais jovem professor daquela instituição.

Trabalhou como consultor de estratégia para diversas empresas dos Estados Unidos e também internacionais. Seu trabalho tem forte influência na política econômica dos EUA. A partir de seu trabalho, surgiram conceitos como a análise de indústrias em torno de cinco forças competitivas e das três fontes genéricas de vantagem competitiva: Diferenciação, baixo custo e focalização em mercado específico.

Autor de 19 livros e mais de 125 artigos. Em 2001, fundou o Instituto de Estratégia e Competitividade, da qual é diretor. Em seus trabalhos, apresentou conceitos inovadores sobre teoria econômica e estratégica que influenciaram os mais diversos problemas enfrentados por organizações, sociedades e mercados globais.

Entre os conceitos que se destacam no trabalho de Porter, está o modelo das cinco forças, que pode ser entendido como uma estratégia que auxilia a organização em seu planejamento considerando o ambiente externo e o interno. O modelo realça ainda os pontos fortes e fracos de um mercado/setor, inspirando o posicionamento organizacional mais adequado ante as mudanças e tendências que o mesmo possa apresentar.

O economista destaca que as cinco forças causam impacto sobre a lucratividade da empresa, fortalecendo a estratégia competitiva, determinando a intensidade da concorrência.  


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Um pensador ainda atual



Nascido em Cincinnati nos Estados Unidos, em 18 de julho de 1922, físico e filósofo da ciência Thomas Samuel Kuhn tem uma obra ainda muito atual, mesmo 20 anos depois de seu falecimento. 

Um estudo realizado recentemente realizado por Elliott Green, professor associado da London School of Economics, que analisou as obras mais citadas em trabalhos disponíveis na ferramenta Google Scholar, criada em 2004, que é desde então uma referência crescente para pesquisas, graças a sua acessibilidade, apontou que a obra “A Estrutura das Revoluções Científicas”, é a mais citada no mundo, entre os pesquisadores da área de Ciências Humanas.

Thomas Kuhn formou-se em física, em 1943 pela tradicional Universidade de Harvard. Três anos mais tarde foi agraciado com o título de Mestre e em 1949, concluiu o Doutorado na mesma instituição.

Tornou-se então professor em Harvard, onde lecionou ciências para alunos da área de Ciências Humanas, com o foco na história da ciência. Em 1956, passa a dar aulas de história da ciência na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Em 1964, passou a dar aulas de filosofia e de história da ciência na Universidade de Princeton. Seis anos depois, passa a dar aulas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde ficou até encerrar sua carreira acadêmica.

O primeiro livro lançado por Thomas Kuhn foi A Revolução Copérnica, publicado em 1957. Em 1962, é lançado o livro A Estrutura das Revoluções Científicas, que o tornou conhecido como historiador e filósofo da ciência.

Estrutura das Revoluções Científicas foi um livro voltado para um público filosófico, ainda que não seja um livro de filosofia, pois como o próprio Kuhn afirmava, criticava o positivismo sem conhecê-lo em profundidade, mas não se sentia influenciado pelo pragmatismo de nomes como William James (1842-1910) e John Dewey (1859-1952).

Para responder as acusações de irracionalismo que passou a sofrer depois da publicação do livro, em 1974, Kuhn escreve o ensaio Reconsiderando os Paradigmas e em seguida, desenvolve Teoria do Corpo Negro e Descontinuidade Quântica – 1894-1912, que ele publica em 1979.

O debate sobre a obra de Thomas Kuhn gira em torno da noção de paradigma científico e da "incomensurabilidade" entre os paradigmas. Ken Wilber defende (em seu livro A União da Alma e dos Sentidos) que a ideia de paradigmas proposta por Kuhn tem sido apropriada e abusada por grupos e indivíduos que tentam fazê-la parecer uma declaração de que a ciência é arbitrária. Entretanto, a obra de Kuhn abriu espaço para toda uma nova abordagem de estudos chamados Social Studies of Science (estudos sociais da ciência) que desembocou no Programa Forte da Sociologia.

Especula-se que Kuhn tenha se apropriado de muitas das ideias de Ludwick Fleck (1896-1961)  - como paradigma, revolução paradigmática. ciência normal, anomalias, etc -, médico polonês que pouco escreveu sobre história da ciência e que permaneceu e permanece desconhecido de muitos.

O pensamento de Kuhn
 
Thomas S. Kuhn ocupou-se principalmente do estudo da história da ciência, no qual mostra um contraste entre duas concepções da ciência:
  • Por um lado, a ciência é entendida como uma atividade completamente racional e controlada. (Perspectiva Formalista).
  • Em outro lado, a ciência é entendida como uma atividade concreta que se dá ao longo do tempo e que em cada época histórica apresenta peculiaridades e características próprias. (Perspectiva Historicista).
Este contraste emerge na obra A Estrutura das Revoluções Científicas, e ocasionou o chamado giro histórico-sociológico da ciência, uma revolução na reflexão acerca da ciência ao considerar próprios da ciência os aspectos históricos e sociológicos que rodeiam a atividade científica, e não só os lógicos e empíricos, como defendia o modelo formalista, o qual estava a ser desafiado pelo enfoque historicista de Kuhn.

Enfoque historicista

Segundo o enfoque historicista de Kuhn, a ciência desenvolve-se segundo determinadas fases:
1.     Estabelecimento de um paradigma
2.  Ciência normal
3.  Crise
4.    Ciência Extraordinária
5. Revolução científica
6.    Estabelecimento de um novo paradigma.
1.    A noção de paradigma resulta fundamental neste enfoque historicista e não é mais que uma macroteoria, um marco ou perspectiva que se aceita de forma geral por toda a comunidade científica (conjunto de cientistas que compartilham um mesmo paradigma e realizam a mesma atividade científica) e a partir do qual se realiza a atividade científica, cujo objetivo é esclarecer as possíveis falhas do paradigma ou extrair todas as suas consequências. Em Estrutura das revoluções Científicas, o termo paradigma causou confusão a uma série de estudiosos. Kuhn esclareceria posteriormente que o termo pode ser utilizado num sentido geral e num sentido restrito. O primeiro diz respeito à noção de matriz disciplinar, que é o "conjunto de compromissos de pesquisa de uma comunidade científica". O segundo sentido denota os paradigmas exemplares, que são a base da formação científica, uma vez que o pesquisador passa a dominar o conteúdo cognitivo da ciência através da experimentação dos exemplos compartilhados.
2.    A ciência normal é o período durante o qual se desenvolve uma atividade científica baseada num paradigma. Esta fase ocupa a maior parte da comunidade científica, consistindo em trabalhar para mostrar ou pôr a prova a solidez do paradigma no qual se baseia. Thomas Kuhn estabelece três classificações possíveis para a constituição da ciência normal: determinação do fato significativo (construções teóricas e práticas a respeito de leis da natureza), harmonização dos fatos com a teoria e articulação da teoria (resolução de ambiguidades e problemas).
3.    Porém, em determinadas ocasiões, o paradigma não é capaz de resolver todos os problemas, que podem persistir ao longo de anos ou séculos inclusive, e neste caso o paradigma gradualmente é posto em cheque, e começa-se a considerar se é o marco mais adequado para a resolução de problemas ou se deve ser abandonado. Então é quando se estabelece uma crise. O objeto de estudo predominante neste período são denominados de anomalias.
4.    Ciência extraordinária, é o tempo em que se criam novos paradigmas que competem entre si tentando impor-se como o enfoque mais adequado.
5.    Produz uma revolução científica quando um dos novos paradigmas substitui o paradigma tradicional. A cada revolução o ciclo inicia de novo e o paradigma que foi instaurado dá origem a um novo processo de ciência normal. Kuhn afirma que "decidir rejeitar um paradigma é sempre decidir simultaneamente aceitar outro".

Desta maneira, o enfoque historicista dá importância a fatores subjetivos que anteriormente foram passados por alto na hora de explicar o processo de investigação científica. Kuhn mostra que a ciência não é só um contraste entre teorias e realidade, senão que há diálogo, debate, tensões e até lutas entre os defensores de distintos paradigmas. E é precisamente nesse debate ou luta onde se demonstra que os cientistas não são só absolutamente racionais, não podem ser objetivos, pois nem a eles é possível afastar-se de todos os paradigmas e compará-los de forma objetiva, senão que sempre estão imersos em um paradigma e interpretam o mundo conforme o mesmo. 

Isto demonstra que na atividade científica influi tanto interesses científicos (ex: a aplicação prática de uma teoria), como subjetivos, como por exemplo, a existência de coletividades ou grupos sociais a favor ou contra uma teoria concreta, ou a existência de problemas éticos, de tal maneira que a atividade científica vê-se influenciada pelo contexto histórico-sociológico em que se desenvolve. Também é verdade que, epistemologicamente falando, Thomas Kuhn se guia por um paradigma para estudar a formação dos paradigmas!

Para Kuhn a ciência é subjetiva evolui de modo a aproximar-se da verdade. Esta aproximação é feita pela substituição de teorias, paradigmas que são segundo Karl Popper (1902-1994) objetivamente melhores que a teoria ou paradigma anteriores, sendo assim a ciência segundo Popper objetiva. 

Mas Kuhn critica este ponto de vista e afirma que dois paradigmas são incomensuráveis, e também para um paradigma ser melhor que outro tinha de ser objetivamente melhor que o anterior mas isso não acontece pois os fatores que levam a escolher um paradigma e desfavorecimento do anterior são fatores subjetivos. Sendo assim a ciência não objetiva pois as escolhas que levam a evolução da ciência são meramente subjetivas.

Thomas Samuel Kuhn morreu em Cambridge no estado de Massachusetts 17 de Junho de 1996, de cancro.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Dois pesos e duas medidas

Nos últimos tempos, temos acompanhado o noticiário e visto como o comportamento tanto da imprensa como o da população varia conforme o que é noticiado. Fica cada vez mais evidente que o que vale para alguns não funciona para outros, perpetuando assim o clássico “Dois pesos e duas medidas”.

Enquanto acompanhamos o desenrolar da importante investigação feita pela Operação Lava Jato, que vem descobrindo uma série de histórias nebulosas que precisam ser esclarecidas vemos outras, onde tudo o que é apregoado em relação aos investigados em operações como Lava Jato e Zelotes, não temo menor efeito e ou sentido.

Recentemente foi divulgado que o jogador Neymar e seu pai são investigados por questões fiscais, no Brasil e na Espanha e que aqui, eles teriam aberto empresas para lavar dinheiro – uma delas, com apenas dois funcionários (seguranças), faturou em um ano, quase R$ 80 milhões - e o mais tosco dessa história é ver muita gente dizer que não há anormalidades nesse caso, ainda que outras empresas da mesma área estejam sendo investigadas, justamente por conta de histórias mal contadas.

Por que este caso não tem o mesmo tratamento que a história da empresa de marketing do filho do Lula? Utilizar como justificativa a possibilidade de uso de tráfico de influência neste caso, tendo em vista que o empresário era na época dos “rolos” filho do presidente da República e que no caso do jogador do Barcelona, não há envolvimento com o dinheiro público, não vale. Irregularidades, independente de suas origens e ou motivações precisam ser averiguadas e punidas quando confirmadas.

Outro caso recente mostra uma irregularidade interna em um grande grupo de comunicação do país. Refiro-me a notícia de que dois dos três filhos do Casal Willian Bonner e Fátima Bernardes, atualmente estagiam na Rede Globo, um trabalha na produção de Amor e Sexo, a outra na produção do Big Brother.

O estranho da história é que os três filhos do casal, ainda irão prestar vestibulares e nenhum deles pretende atuar em televisão. Um quer ser engenheiro, a outra psicóloga e a terceira filha quer ser designer – esta não está trabalhando na Globo no momento -.

Para complicar ainda mais a questão, segundo a própria Rede Globo, esses jovens estão apenas conhecendo o local de trabalho dos pais, ainda que estejam trabalhando em atrações diferentes das dos mesmos e o que eles fazem lá não seria um estágio.

Ainda segundo a emissora do Jardim Botânico, a única maneira de conseguir estagiar lá é passar pelo processo conhecido como Programa Estagiar e nenhum dos três tem os requisitos para tentar uma vaga no programa, uma vez que é necessário estudar Comunicação Social e nenhum deles cursa ainda o nível superior.

A Rede Globo burlou suas próprias regras para beneficiar apadrinhados e  a reação de muitos que batem palma para os que combatem a corrupção foi apenas afirmar que não há nada de errado nesta prática, que se tivessem tal oportunidade fariam o mesmo, deixando assim o discurso de justiça e combate a corrupção, apenas na teoria.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Mais do Mesmo




A Renault apresentou hoje a pintura que utilizará nesta temporada, quando retornará a Fórmula 1 como equipe oficial. O modelo RS16, ainda não foi oficialmente apresentado e isso ocorrerá apenas no dia 22 quando começam os testes de pré-temporada na Catalunha. O modelo apresentado tem por base as cores preta e amarela, entretanto seu visual ainda poderá sofrer alterações.

Porém, não foi a apresentação do layout do carro que motivou este texto, ela foi apenas o mote para tratar de outra questão envolvendo a participação da montadora francesa como equipe nessa categoria. O retorno da Renault a categoria mostra mais um lado ruim e conhecido, não apenas da principal categoria do automobilismo mundial, mas desse esporte como um todo.

Todas as categorias do automobilismo tem montadoras que de tempos em tempos resolvem investir pesado em determinada categoria, as vezes em mais de uma ao mesmo tempo e monta uma equipe oficial. A partir daí é criado todo um clima de euforia, que nem sempre perdura por muito tempo, seja por falta de resultados nas pistas, ou então por questões externas que “justificam” o corte nos investimentos.

Na Fórmula 1, salvo a relação umbilical existente entre a categoria e a Scuderia Ferrari, nenhuma outra grande marca deixou de entrar e sair da categoria, quando lhe convém. Foi assim a Ford/Cosworth/Jaguar, com a Honda/Mugen, com a Toyota, a BMW, entre outras que anunciaram fortes investimentos, seja criado equipes novas ou principalmente comprando equipes já existentes e rebatizando-as. Entretanto, basta um cenário um pouco desfavorável, para que a gigante do setor anuncie que está deixando a categoria.

Acredito que seria melhor para o automobilismo, que as montadoras atuassem apenas como fornecedoras de motores, como na época em que as chamadas garagistas enchiam os boxes. Infelizmente, aquele universo é algo impossível nos dias atuais e será cada vez mais corriqueiro vermos mais do mesmo com ações como essa da Renault.